A serpente, provavelmente o símbolo mais
comum entre os alquimistas, tem sua origem nos primeiros tempos do
cristianismo, já quando São Paulo advertia em suas epístolas aos coríntios em
relação aos perigosos ensinamentos dos gnósticos, que adoravam a serpente do
paraíso como causa do despertar no homem do desejo do conhecimento.
Esta serpente, chamada UROBORO, é a
utilizada mais tarde como emblema da alquimia e como alegoria hermética do
processo constante de transformação da natureza. Representavam-na mordendo-se a
cauda e formando assim um círculo sem princípio nem fim que expressava a idéia
de que existe descanso na natureza e que os metais mais perfeitos estão
constantemente transformando-se para converter-se em metais bastos novamente,
perpetuando-se assim o processo das transformações moleculares.
O mesmo símbolo era também utilizado para
ensinar aos iniciados que o Bem e o Mal se unem no mundo através da matéria. A
matéria é tão somente uma e os alquimistas afirmavam que “o uno é o todo”. A
serpente representava a matéria-prima que finalmente devia restar ao final do
processo e isso não apenas num sentido simbólico, pois muitos deles realmente
esperavam ver aparecer uma serpente no globo de vidro utilizado como forno
cósmico.
O corpo da serpente, meio escuro e meio
claro, se transformou às vezes no dragão cujo corpo, feito de luz e de
obscuridade, assumiu um significado especial, representando a etapa de
putrefação que devia ser superada pelo alquimista.
“ Os sábios dizem que na selva há uma besta
selvagem com uma pele de um negro muito intenso.Se alguém lhe cortar a cabeça,
sua cor escura desaparecerá para dar lugar a uma brancura nívea”
Esta alegoria se refere à mudança de cor do
mercúrio tratado quimicamente e se explica com uma única palavra: putrefação.
No trabalho alquímico a primeira fase é a putrefação e o dragão que a
representa tem que ser morto. “Sacrifica-o, aconselhava um tratado do século X,
despedaça sua pele, separa a carne dos ossos e encontrarás o que procuras”
O perfeito ouro dos filósofos não se pode
produzir sem antes destruir e o místico iniciado acreditava que o homem podia
passar pelos mesmos métodos, isto é, que não podia passar pelo estado de graça
sem previamente destruir as paixões corporais. “ Quando tiveres sufocado a
negra hidra de teu coração, então serás purificado e tua negrura se tornará
cândida. Quando a cor negra da fera se desvanecer na fumaça, os sábios se
alegrarão”.
A partir das quatro essências do mundo (fogo,
água, terra e ar), além do espírito, a quinta essência, o homem pode
remontar-se mediante as sete fases da perfeição, simbolizadas com sete degraus,
sobre si mesmo, sobre a matéria e o espírito, conjugá-los numa única coisa e conseguir domina-los. Este
supremo acontecimento, o objetivo final do alquimista, se simbolizava de
diferentes maneiras, como por exemplo com o andrógeno ou hermafrodita, um ser
metade macho e metade fêmea, que tem em suas mãos o ovo filosofal que
simbolizava, como a serpente, o universo.
A imagem do hermafrodita tinha por fim
representara união das duas naturezas, o divino e o humano, o espírito e a
matéria, o feminino e o masculino e , em geral, a conjunção de tudo o que
simbolizava forças contrárias, como a dualidade sol-lua, luz-escuridão,
enxofre-mercúrio, ouro-prata.
Destes símbolos, um dos mais comuns era a
dualidade Sol-Lua que assinalava o elemento generativo, ativo, masculino e o
elemento vegetativo, passivo, feminino, que deviam unir-se para formar a
unidade perfeita. Os adeptos consideravam o Sol como masculino e sua irradiação
como ativa. O calor e a secura eram tidos com atributos masculinos. A lua, por
sua vez, era feminina, já que durante seu ciclo cósmico se limitava a refletir
os raios que recebia do Sol, sendo, portanto, um mero receptáculo passivo. Seu
crescimento era interpretado como fruto de sua gravidez.
A integração do todo no Uno era finalmente
representada por uma união sexual do masculino e do feminino, um diagrama
nupcial. A Alma é masculina, ativa e ardente e esta geralmente personificada
pelo sol. O espírito, princípio feminino, é a Luz. A essência ígnea do macho
estava simbolizada pela salamandra, que vive no fogo; a águia é a fugacidade
feminina.
O varão é também o ouro, a essência ardente e
árida. A alma é o princípio gerador. Com
ele está o leão do zodíaco, que rege o mês mais quente de todos. Ele é Júpiter
e é Apolo; fogo e ar são seus elementos, posto que são secos e quentes. A ígnea
fênix e seu símbolo e o leão são símbolos do ouro.
A mulher é prata, a essência úmida e fresca.
È o espírito de fecundidade, a que concebe, dá à luz e nutre. Leva geralmente
em sua mão o cacho de uva cujos grãos, no sentido de múltiplos frutos, configuram
sua verdadeira imagem. São-lhe congênitas a evaporação, a chuva e as úmidas
emanações da terra, já que seus elementos são a terra e a água. De seu seio
flui a Via Láctea, a semente que penetra todas as coisas deste mundo corpóreo e
o que os sábios denominaram também espírito ou alma do mundo.
A transformação compreende sete fases, que
começa com a putrefação e termina com a ressurreição. Sete palavras ensinam o
método para realizar a obra e cada uma delas se refere a um dos momentos do
processo: VISITA-INTERIORA-TERRAE-RECTIFICANDO-INVENIES-OCCULTUM-LAPIEM.
Um irmão na ordem
Nenhum comentário:
Postar um comentário